7 de ago. de 2014

Um concerto e um balé



Por Ana Carolina Giollo



         Posso dizer com segurança que o 7º Concerto Oficial da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, no dia 03 de junho no Theatro São Pedro, foi um dos melhores que já vi. Confesso que não havia olhado o programa com atenção. Um concerto para viola, um balé. O concerto até que me pareceu interessante, mas não pude evitar de ficar meio apreensiva quanto ao balé, que às vezes exagera no violino e acaba soando muito... agudo.


         Porém, nos primeiros compassos da viola eu já sabia que aquele seria um concerto memorável. A noite começou com o “Concerto para viola e orquestra” do polonês Krzysztof Penderecki (1933 -), de um movimento só. Me perdi no tempo e não saberia dizer se foi meia hora ou 3. A maestria com que o solista tocava sua música era hipnotizante. A viola não é, via de regra, um dos instrumentos mais conhecidos e mais eleitos para solar. Não fosse pelo nome, muitos estariam ali achando belíssimo o som daquele violino meio grande. A impressão que sempre tive desse instrumento é que ele consegue aliar o melhor do violoncelo com o melhor do violino. 2 em 1. E ficou belíssimo.

         A emoção que o solista Renato Bandel conseguia transmitir na música, aliado ao fato de a peça já ser extremamente tocante, era incrível. O violista nasceu em Piracicaba, São Paulo, estudou na Academia da Orquestra Filarmônica de Berlim e integrou a Ensemble Oriol Berlin, realizando concertos em diversos países. Atualmente, é professor do Instituto Baccarelli (SP) e na terça-feira do dia 3 de junho entorpecia os porto-alegrenses com sua música.

         Foi a primeira vez que a OSPA executou alguma peça do polonês Krzysztof Penderecki, considerado um dos maiores compositores vivos da música de concerto. O “Concerto para viola e orquestra” é de 1983, e foi encomendado pelo governo da Venezuela a fim de comemorar o bicentenário de nascimento de Simón Bolívar, líder da independência do país. O compositor tem um estilo peculiar e foi um dos pioneiros no uso de microtons, assobios, gritos e ruídos mecânicos em sua música.

         Depois de um breve intervalo, iniciou-se a execução de Suíte nº 2, do Balé Romeu e Julieta composto por Sergei Prokofiev (1891-1953). A harpa, para minha alegria, chegou ao palco no intervalo, mas confesso que não consegui ouvi-la durante a música toda. Não sei se por desatenção minha ou algum problema com o áudio. A tuba, pelo contrário, estava muito alta. Tremia o chão e ficava um chiado irritante no ouvido, além de o som do instrumento ter estourado um pouco. Já não sou muito fã dos instrumentos de sopro, então a tuba me incomodou um pouco.

         Prokofiev era um compositor, maestro e pianista russo, nascido no Império Russo, e foi uma das figuras mais importantes da música soviética. O Balé Romeu e Julieta foi composto em 1934, sob encomenda do Teatro Bolshoi de Moscou. A composição foi considerada muito difícil para ser dançada, portanto Serguei dividiu sua obra em duas suítes. A suíte nº 2, tocada pela OSPA, foi estreada em 1937, um ano antes do Balé inteiro, e é dividida em 3 atos. A execução foi ótima, mas depois do “Concerto para viola e orquestra”, não surpreendeu.

         A OSPA estava nas ótimas mãos do maestro japonês Kiyotaka Teraoka, que é maestro titular da Orquestra Sinfônica de Osaka desde 2010 e já é bastante conhecido do público porto-alegrense. Não conversou, mas arriscou um “obrigado” no final, perante a plateia que aplaudia em pé vigorosamente, por vários minutos. Tareoka conduziu a orquestra com maestria e sua interpretação garantiu um concerto certamente memorável.

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