10 de dez. de 2011

Capote a sangue frio

Por Caroline Berbick
Imagens Sony Pictures/Divulgação

O filme que se propõe a contar a história de um personagem polêmico como o jornalista americano Truman Capote, que tem o roteiro baseado num best seller revolucionário como A Sangue Frio, e que conta com um protagonista do cacife de Phillip Seymour Hoffman, precisa ter muitos equívocos para não ser excelente. Para a felicidade de todos, o inexperiente diretor Bennett Miller fez um belo trabalho e o resultado de Capote (2005) é ótimo.

O filme apresenta a figura controversa que foi Truman Capote justamente na época em que escrevia sua obra prima, o romance de não-ficção A Sangue Frio, que relata o assassinato da família Clutter desde o planejamento do crime até a execução dos assassinos.

O denso enredo explora a relação de Capote com os criminosos, o desgaste emocional dos personagens e, principalmente, a conduta do jornalista nas diferentes etapas de produção do livro. Tudo isso muito bem ambientado nas paisagens frias do Kansas dos anos 60. A fotografia do filme é belíssima e a estrutura narrativa trabalha muito bem a dualidade entre os diferentes ambientes em que Capote vivia: a clausura junto aos assassinos e a vida boêmia em Nova Iorque.

Phillip Seymour Hoffman teve uma atuação impecável. Homossexual, extravagante e de fala arrastada, o personagem de Truman Capote exige preparo do ator que tem como desafio interpretá-lo. Seymour Hoffman soube aproveitar a oportunidade e teve uma das melhores atuações de sua carreira, o que lhe rendeu o Oscar de melhor ator em 2006.

Para quem leu A Sangue Frio, o filme Capote atua como um rico “bastidor”. O caráter romântico do livro ganha outro significado depois que se tem contato com o oportunismo de Capote ao explorar a situação vulnerável dos assassinos. Para os que não conheciam a história, trata-se de uma ótima oportunidade para aproximar-se da obra de Capote ou apenas passar uma hora e meia entretido com um bom filme.



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