19 de ago. de 2011

Um Grande Woody Allen

Por Chico Guazelli

Com seus 75 anos, Woody Allen retoma aos seus melhores momentos em Meia Noite em Paris filme lançado em junho aqui no Brasil. Um dos maiores cineastas da história do cinema parece ter encontrado mais uma grande fase em sua carreira após o excelente filme Tudo pode dar Certo de 2009. Allen deixa para trás, assim, as críticas que até fãs inveterados de sua obra faziam sobre seus filmes da década de 2000, que apresentou filmes não tão conceituados (apesar de alguns com grande valor) como o Sonho de Cassandra e Igual A Tudo Na Vida.

Quando Woody Allen apresentou Tudo pode dar certo em 2009, contrastando com seus filmes anteriores e nos mostrando tanto das suas tão exploradas críticas sociais e do comportamento humano, ele mostrou que uma poderia estar passando por mais um ciclo genial em sua tão poderosa carreira cinematográfica. Verdade que Você vai conhecer o Homem dos Seus Sonhos de 2010 está um pouco distante dos filmes lançados em 2009 e 2011, mas trata-se de um bom filme. Woody mostrou a todos que falavam que ele estava passado fazia filmes bobos, com grandes astros e não encerra dignamente sua carreira. Pois Allen fez dois grandes filmes que marcarão uma carreira que possui mais de 40 filmes, e certamente uns 20 na primeira grandeza da História do Cinema.

Ao longo da carreira, Allen sempre caminhou por algumas vertentes que explorou de diversas formas. O diretor circulou com muita propriedade ora pela comédia romântica (talvez os melhores sejam Manhatan, Annie Hall), ora pelos tramas policiais (Crimes e Pecados, neblinas e Sombras, Match Point, Misterioso Assassinato em Manhatan), ora por comédias mais ‘pastelonas’, no estilo de um de seus grandes mestres Groucho Marx (Bananas, o Dorminhoco, Ultima noite de Boris Gruchenko, Todos dizem eu te amo), ora por filmes mais ‘biográficos’ (Desconstruindo Harry, a Era do rádio) e, muitas vezes se aventurando no Realismo fantástico, como em Escorpião de Jade e A Rosa púrpura do Cairo. E è nesse último estilo que Allen fez Meia Noite em Paris.

Woody Allen faz uma homenagem, das mais belas feitas no cinema à cidade de Paris. Logo na abertura, nos remete a entrada de Manhattan, mostrando por uma longa abertura imagens da bela cidade francesa, colocando o espectador no clima que o diretor propõe de adoração de Paris. Por quase toda sua carreira o diretor nova-iorquino dedicou-se a admirar e retratar sua cidade natal. Fato que fez com que suas últimas obras feitas fora até mesmo do continente americano, (Barcelona, Londres...) chamassem a atenção do público e da critica justamente pela ausência de Nova Iorque. O que não ocorre em seu último filme. Paris vira o centro das atenções e o principal personagem do filme.


Allen brinca com o tempo e o espaço e viaja nas épocas para justificar a paixão parisiense. Através da história das Artes, ele ilumina ainda mais a cidade das luzes e faz o personagem feito muito bem por Owen Wilson (uma versão woodyallenesca de Wilson), um escritor norte-americano bem sucedido em filmes de Hollywood, se encantar com suas ruas, bares e principalmente as fantasias que sopram nos ventos parisienses. Wilson por sinal aparece muito correto em um papel que Woody já não pode exercer em função de sua idade, cheio das peculiaridades que inevitavelmente aparecem nos protagonistas do diretor. O ator foge de suas atuações mais cômicas e volta a seus melhores momentos, principalmente com o diretor Wes Anderson.

Woody Allen não se esquece da sempre oportuna alfinetada a seus compatriotas, (mesmo filmando longe das ruas de Manhattan) ao ilustrar a mulher de Wilson e seus pais, típicos norte-americanos bem-sucedidos e seduzidos pelo dinheiro e fama que Hollywood fornece sem se deslumbrar com as maravilhas de Paris. O filme conta ainda com grandes atuações referentes aos personagens históricos da trama, como a de Adrian Brody, em uma cena antológica como um pintor espanhol conhecido, Salvador Dalí.

Meia Noite em Paris traz Woody Allen combinando sua maestria cinematográfica, seu grande aproveitamento de atores (talvez com exceção da ‘primeira dama’ francesa Carla Brunni como guia turística), crítica ao espírito hollywoodiano e à política norte- americana, mas tudo isso fica à margem de uma bela homenagem do genial Woody Allen à Paris e aos grandes artistas da história da Humanidade.


Cena de Meia Noite em Paris/Divulgação

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