20 de jul. de 2011

Theatro Municipal do Rio de Janeiro: uma visita à arte

Por Mariana Gil

Inaugurado em 1909, o Theatro Municipal do Rio de Janeiro é uma visita obrigatória a quem passa pela cidade. Construído de frente para a Praça Floriano, conhecida como Cinelândia, o teatro é cercado de importantes prédios históricos, tais como a Biblioteca Nacional, o Museu Nacional de Belas Artes, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro e o Centro Cultural da Justiça Federal. Mas mesmo com construções imponentes ao seu redor, o Municipal se destaca por sua fachada de arquitetura clássica e por seus detalhes em ouro. A enorme águia dourada no topo do prédio torna a fachada ainda mais encantadora.

Fachada com detalhes em ouro/Crédito: Mariana Gil



O Theatro Municipal não fica aberto para visitação do público sem acompanhamento. Portanto, quem quer conhecer a arquitetura do interior precisa assistir a uma das peças em cartaz ou participar de uma visita guiada. Embora sem o encanto das luzes noturnas e dos espetáculos no gigantesco palco do Municipal, a visita guiada também tem suas vantagens. Uma delas é poder conhecer todos os cantos do teatro, inclusive a área dos camarins e o fundo do palco. Outra vantagem é poder ver o prédio iluminado pela luz solar, que entra por enormes clarabóias e vitrais instalados nas paredes e no teto do teatro.

Para os que decidem fazer a visita guiada, o passeio começa de forma inesperada: ao invés de entrar no Municipal por suas portas principais, subindo a escadaria, os guias conduzem o público pela porta dos fundos, visitando primeiro o fundo do palco, passando pela área dos camarins para só então entrar no corredor que dá acesso às frisas – uma série de camarotes situados junto às paredes de contorno da sala, no nível da platéia. Na entrada da plateia encontram-se os bustos dos políticos envolvidos na construção do Municipal: Carlos Gomes, João Caetano, Arthur Azevedo, Francisco Pereira Passos e Francisco de Souza Aguiar. Para quem está mais interessado na arte em si do que na história política de 1900, vale dar uma escapada do passeio para observar as portas de acesso às galerias e às outras salas. Os lustres, todos trabalhados com cristais, também merecem um minuto de apreciação enquanto os guias seguem narrando o contexto político da época.

Salão principal/Crédito: Mariana Gil

Ao entrar no salão de espetáculos, o visitante deve dedicar um bom tempo para poder apreciar todos os detalhes: desde a gravação dourada da numeração das cadeiras até as pinturas de Elyseu Visconti. Na cúpula do salão está o lustre central, todo em bronze dourado, com 118 lâmpadas com mangas e pingentes de cristal. O lustre é circundado por uma das obras-primas de Visconti: a dança de “As Oreadas”, as ninfas que representam a passagem do tempo. Para tornar a obra viva, a cúpula foi cercada de pequenas clarabóias que permitem a entrada da luz em diferentes momentos do dia, criando assim movimento à pintura.

A visita segue no sentido inverso do movimento natural do teatro, chegando então ao hall de entrada e à escadaria principal, que dá acesso ao pavimento nobre, onde se encontra o foyer e os camarotes. A permanência no andar de entrada do Municipal é rápida, enquanto os guias explicam a origem dos mármores que cobrem a sala. O salão de entrada, onde se pode ver duas maravilhosas estátuas de Raoul Verlet, representando “A Dança” e “A Poesia”, passa despercebido no passeio, visitado apenas por aqueles mais curiosos que arriscam sair de volta da escadaria e exploram sozinhos os espaços onde o público espera pelo início dos espetáculos à noite.

O pavimento nobre é onde o visitante deve ter seu segundo momento de prolongada observação. Em cada parede, em cada coluna, é possível encontrar obras de arte. Começando por três vitrais com imagens de belas mulheres, que representam a dança, a música e o teatro. No topo da escadaria em ‘Y’ que leva para o pavimento nobre, a imponente estátua de mármore de Jean Antoine Injalbert representando “A Verdade”.

Vitrais/Crédito: Mariana Gil

Para encerrar o passeio, o público é levado para o subsolo para conhecer o salão onde antigamente funcionava o restaurante Assyrio. A decoração escura assusta ao primeiro olhar, em choque com a visão clara e colorida do resto do teatro. O salão, único em toda a América do Sul, com suas paredes completamente revestidas de cerâmica esmaltada, seus mosaicos, suas colunas com cabeças de touro, fontes, os Gilgamesch e os enormes Kerubs ornando o salão deixa clara a forte inspiração na antiga Babilônia. Ao passear pelo local o visitante sente-se facilmente na Turquia.

Salão Babilônia/Crédito: Mariana Gil

A visita guiada pelo Theatro Municipal do Rio de Janeiro dura cerca de uma hora, que para o público passa como cinco minutos. Após sair pela lateral do prédio, muitos dos visitantes ainda passam um tempo no pátio, fotografando a fachada e apreciando cada detalhe. Com seus 102 anos e apenas uma reforma completa em 2008, o Municipal sustenta seu posto de principal casa de espetáculos do Brasil e uma das mais importantes da América do Sul com maestria e elegância. Um inesquecível ponto turístico da cidade maravilhosa.

Fachada/Crédito:Mariana Gil

0 comentários:

Postar um comentário