7 de dez. de 2011

A hora do cafezinho

Por Vicente Prado Nogueira
Fotos Vicente Prado Nogueira

O balcão onde o programa é gravado. Simone Cabral (esq.) e
Mauro Borba (dir.) cuidam de alguns detalhes após

o término do Cafezinho das 17h
Quem for escutar a rádio Pop Rock ao meio-dia e meia ou às cinco da tarde em dia de semana vai encontrar um programa bastante inusitado: um grupo de amigos falando casualmente sobre todo tipo de assuntos – da resignação do ministro Orlando Silva à moda das “meias para celulares”. Assim funciona o Cafezinho, um programa de rádio que aposta no humor oriundo da espontaneidade de um bate-papo entre amigos (bem como do repertório dos ouvintes).

É quarta-feira, 17h. O estúdio onde o programa é feito fica na Ulbra, em Canoas, em um edifício parcialmente eclipsado por uma capela. Um aviso na porta diz que não se pode entrar sem autorização – algo já dado pelo Arthur de Faria, presente no estúdio pouco antes do programa começar. O lugar consiste em um balcão em forma de círculo (cercado de cadeiras pretas e vermelhas, côncavas como pinos de golfe), alguns sofás, uma mesa de centro com revistas e uma escrivaninha. Um som abafado vem de um alto-falante semi-oculto em um canto do local. A parede, sobre um fundo vermelho vibrante, diz “POP ROCK FM: música é o nosso oxigênio!”.


Os participantes no dia e hora já mencionados são Arthur, Simone Cabral, Rodrigo Lúcio, Mauro Borba e Ramiro Ruschel. Este último é o produtor do programa das 17h, responsável por trazer diversas pautas consideradas dignas de discussão e por distribuí-las entre os radialistas presentes. Mauro, por sua vez, é o diretor da rádio.

O programa começa com o velho bate-papo sobre o tempo, mas logo se torna dinâmico, quase aleatório. Os radialistas riem, contam histórias de seu dia-a-dia, discutem preferências, zombam uns dos outros. Falam sobre problemas no trânsito, sobre o MMA, sobre os problemas em “seguir” pessoas no Twitter, sobre o Eike Batista, sobre vendedores ambulantes em trens e até sobre a Gina dos palitos de dente.

Periodicamente, recebem mensagens por meio do Twitter e do telefone de ouvintes que os corrigem sobre algum fato incorreto mencionado nos últimos minutos – por exemplo, a confusão coletiva do MMA com lutas de vale-tudo – e aceitam a correção com muito bom humor. Arthur, às vezes, assume o papel do Gauchão – personagem pelo qual é conhecido – e conta causos com um sotaque forte enquanto Ruschel faz efeitos especiais de improviso.

Improvisar é, aliás, uma parte vital do programa. Ruschel distribui as pautas do dia, mas o resto é com a trupe do Cafezinho. “Tem assuntos que vão bem, outros que não ‘funcionam’... É bem espontâneo”, diz Simone, que aproveita o intervalo do programa para comentar a respeito do último programa com os colegas e trocar sugestões sobre o que poderia melhorar.

Depois do intervalo, a conversa continua, pulando de um assunto para outro: as vantagens de se comer morangos para o estômago, as 9 questões do Enem que vazaram, a união de homossexuais e até os problemas que Arthur de Faria teve ao esquecer a carteira de motorista. O bate-papo é temperado com modos criativos de xingar a mãe do outro, inventados pelos radialistas ou mandados pelos ouvintes. É tudo bastante informal; tanto que Arthur deixa de usar os fones de ouvido – nos quais toca a música de fundo do Cafezinho – por gosto pessoal.

Arthur de Faria, músico e radialista que criou e interpreta o personagem do Gauchão.

Simone assegura que, apesar de toda a conversa, não é comum um membro da equipe sofrer de problemas vocais, embora todos façam audiometria de vez em quando (“obrigados, é claro”, diz a moça). A dor de garganta é um problema que acontece com mais freqüência no começo da carreira. “Se era pra dar problema, já tinha dado”, garante a radialista.

O programa, claro, tem que estar atualizado para interessar aos ouvintes; no entanto, sofre menos pressão nesse aspecto do que outros tipos de programas. “É mais tranqüilo, [o Cafezinho] não precisa ‘furar’ todo mundo”, afirma Fernando Perdigão, responsável pelo conteúdo e pelo marketing do programa.

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